terça-feira, 8 de março de 2022

 

POEMA DA FIANDEIRA NEGRA ou A INFÂMIA DO PRECONCEITO RACIAL QUE SEQUER SE RECONHECE

 

Um nó invisível no fio da vida

Uma vida no nó invisível do fio

Um fio invisível no nó da vida

Uma vida invisível no fio  do nó

Aih que dó

Tudo invisível na vida, no fio, no nó

Da mãe e do seu rebento

 

quarta-feira, 18 de setembro de 2019

No bairro da Liberdade.


No bairro da Liberdade

Ladeando o elevado 

no alto da parede
cor

de rosa :
                   
DE  PERTO
NINGUÉM
É  N O R M A L


O que terá levado

o pixador 

a espalhar na cidade

tal

espirituosa 

e  banal  

verdade?

sábado, 1 de setembro de 2018

Surrealismo sociológico



Penitenciárias
são  tapetes.

Viaturas, camburões
são vassouras varredoras.

As favelas,  campos, periferias
são turbinas (produtoras).

Os hospitais
São usinas (de reciclagem).

As casas de repouso, manicômios,
 depósitos (do que sobrou).

As delegacias, quarteis,
 fábricas  (de arame farpado).

Escolas, universidades, livrarias, museus,
fabricantes de fermento (para rápido crescimento).

Cidades  prédios, hotéis, condomínios,
 bocas insaciáveis (mastigando sem parar).

Ruas, praças, estradas, viadutos
são talheres, garfos, colheres, facas.

Os escritórios, agências, bolsas e gabinetes,
o  aparelho digestivo.

Fios, postes, antenas,
Computadores, telas,  monitores,
partes pequenas do intestino  (delgado).

Templos, igrejas,  estádios, assembleias, arenas,
Vasilhas de cozinhar.

Aparelhos de ar condicionado, chaminés, escapamentos,
Dutos  de escoamento (por certo já no reto).

Moedas, ouro, investimentos,  ações, recebíveis (de variada natureza),
combustíveis do fogão.

Nós, gente, povo, nação
somos o lixo (o que  sobra do que foi digerido
pelo moderno dragão)...









A legria mora


A alegria mora

19.02.17



A alegria mora

Dentro de meus olhos.

Não extravasa sempre aos lábios,

Não escorre pelos gestos.


Mas eu, mesmo sisudo,  você duvida?

Amo a dança frenética da vida....




Qual o ritmo? ( e não me venha com a história de padrões),

Qual o compasso?

Se por ela passo

 sem saber a extensão da partitura,

Nem a urdidura

 dos acidentes (existiriam eles  na clave do nascimento?) .



Esse mistério impele e  encanta,

como um jogo de criança

Que não cansa

Enquanto não chega ao fim.



Quem sabe um dia, no final da pauta

Esgotado o sopro fraco  desta flauta

Não se revele a melodia, o tom, o estro ....

Hem, Maestro?