Ser imortal é insignificante; com exceção do homem, todas
as criaturas o são, pois ignoram a morte.
(Jorge Luis Borges, O imortal in O Aleph, Ed Globo/Mec, 1972)
Não há quem mais gulosa seja
Na fome de si mesma
Senão essa coisa sem nome que é a vida
Como uma vez bem nomeou, sem nomear,
Clarice.
Da célula, invisível ao nosso olhar,
uma única ou milhões,
Liquens, cogumelos,
gigantesco jatobá, aves, peixes, borboletas,
ao nosso mediano corpo,
tudo que tem vida
se move mais ou menos
mas tem fome sempre,
neste contínuo, imenso elo
de partos de sementes, fragmentação
óvulos fecundados
mitogênese,
em que a vida alimenta a vida.
Ela deixará um dia
Aquele que eu, hoje, digo ser,
Pois a cada um deixa
e jamais a todos.
E me espalhará faminta
no imperceptível do seu mundo
onde nada se perde
a não ser
a singela,
a pura
a simples
a desimportante
unidade orgânica.
É insondável
Se sobrará alguma coisa mais
deste que conhece a morte.
Mas não será com certeza deste corpo
de matéria feito,
inteiro retornado ao todo.
terça-feira, 31 de janeiro de 2012
sexta-feira, 27 de janeiro de 2012
Fantasia marítima
Pedro
no porto
aponta
a proa
para o pôr do sol.
Soerguida
ao vento
a ló malogra o intento
da partida.
Invento só
de quem jamais deixou a terra.
Nem para o ar
Nem para o mar
são os pés plantados
no chão duro,
empedrado
De Pedro.
Ainda assim
num desplante
de andarilha
a alma solitária segue
a trilha da última luz do dia.
Reinventou-se Pedro.
no porto
aponta
a proa
para o pôr do sol.
Soerguida
ao vento
a ló malogra o intento
da partida.
Invento só
de quem jamais deixou a terra.
Nem para o ar
Nem para o mar
são os pés plantados
no chão duro,
empedrado
De Pedro.
Ainda assim
num desplante
de andarilha
a alma solitária segue
a trilha da última luz do dia.
Reinventou-se Pedro.
Assinar:
Postagens (Atom)