Ser imortal é insignificante; com exceção do homem, todas
as criaturas o são, pois ignoram a morte.
(Jorge Luis Borges, O imortal in O Aleph, Ed Globo/Mec, 1972)
Não há quem mais gulosa seja
Na fome de si mesma
Senão essa coisa sem nome que é a vida
Como uma vez bem nomeou, sem nomear,
Clarice.
Da célula, invisível ao nosso olhar,
uma única ou milhões,
Liquens, cogumelos,
gigantesco jatobá, aves, peixes, borboletas,
ao nosso mediano corpo,
tudo que tem vida
se move mais ou menos
mas tem fome sempre,
neste contínuo, imenso elo
de partos de sementes, fragmentação
óvulos fecundados
mitogênese,
em que a vida alimenta a vida.
Ela deixará um dia
Aquele que eu, hoje, digo ser,
Pois a cada um deixa
e jamais a todos.
E me espalhará faminta
no imperceptível do seu mundo
onde nada se perde
a não ser
a singela,
a pura
a simples
a desimportante
unidade orgânica.
É insondável
Se sobrará alguma coisa mais
deste que conhece a morte.
Mas não será com certeza deste corpo
de matéria feito,
inteiro retornado ao todo.
Maravilhoso !!!! Adoro ler tudo que é postado por Décio.... faz refletir, viver, sonhar, suspirar e chorar muitas vezes. Parabéns. Bjos
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