terça-feira, 10 de abril de 2012

Cantata



Solidão de catedral
Ecoam no  alto
O oboé d´amore
E a  voz de contralto
Pro Deo  honore.

Angustia inominável
Desejo ardente da alma
Sopro que não acalma
Contrição interminável

Por um instante
o  sopro vital
segue o som  errante.

Difusa   luz  de vitral.
Quieto, sólido e opaco
O corpo no  banco
Aguarda  sereno.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Na esquina do dia




Na esquina do dia
(emprestada do Sabino, que talvez tenha emprestado também)



Pois na primeira esquina do dia

Há um boteco com cafezinho de coador para os inocentes,

Sol quase lambendo o balcão

E cachacinha para quem não é feito de ferro... 

Um quarteirão de dia, depois,

Na segunda esquina, 

Há um bar com guaraná,

Pedaço de pizza de mussarela e  petisco 

Cerveja gelada e caipirinha para os viventes de barro...

Na última esquina, logo ali depois, 

Já dobrando no quarteirão da noite 

Conversa de calçada e esquecimento de luar.

Esquecimento de luar sempre tem boa memória.
 
É até capaz de assobiar a Valsa número Dois do Mignone.