sábado, 1 de setembro de 2018

Surrealismo sociológico



Penitenciárias
são  tapetes.

Viaturas, camburões
são vassouras varredoras.

As favelas,  campos, periferias
são turbinas (produtoras).

Os hospitais
São usinas (de reciclagem).

As casas de repouso, manicômios,
 depósitos (do que sobrou).

As delegacias, quarteis,
 fábricas  (de arame farpado).

Escolas, universidades, livrarias, museus,
fabricantes de fermento (para rápido crescimento).

Cidades  prédios, hotéis, condomínios,
 bocas insaciáveis (mastigando sem parar).

Ruas, praças, estradas, viadutos
são talheres, garfos, colheres, facas.

Os escritórios, agências, bolsas e gabinetes,
o  aparelho digestivo.

Fios, postes, antenas,
Computadores, telas,  monitores,
partes pequenas do intestino  (delgado).

Templos, igrejas,  estádios, assembleias, arenas,
Vasilhas de cozinhar.

Aparelhos de ar condicionado, chaminés, escapamentos,
Dutos  de escoamento (por certo já no reto).

Moedas, ouro, investimentos,  ações, recebíveis (de variada natureza),
combustíveis do fogão.

Nós, gente, povo, nação
somos o lixo (o que  sobra do que foi digerido
pelo moderno dragão)...









A legria mora


A alegria mora

19.02.17



A alegria mora

Dentro de meus olhos.

Não extravasa sempre aos lábios,

Não escorre pelos gestos.


Mas eu, mesmo sisudo,  você duvida?

Amo a dança frenética da vida....




Qual o ritmo? ( e não me venha com a história de padrões),

Qual o compasso?

Se por ela passo

 sem saber a extensão da partitura,

Nem a urdidura

 dos acidentes (existiriam eles  na clave do nascimento?) .



Esse mistério impele e  encanta,

como um jogo de criança

Que não cansa

Enquanto não chega ao fim.



Quem sabe um dia, no final da pauta

Esgotado o sopro fraco  desta flauta

Não se revele a melodia, o tom, o estro ....

Hem, Maestro?
 


ARROGÂNCIA

Arrogância

14.02.1917





O micróbio

Replicado

Infecta

Um torrão encharcado.

E neste canto fundo do jardim.

Proclama-se  orgulhoso

filho único

De um deus único.